A endometriose ocorre devido a existência de endométrio (tecido responsável por revestir o útero internamente) fora da cavidade uterina. Esses focos endometriais extra-uterinos (geralmente nos ovários, intestinos, parede abdominal, pulmão e camadas profundas de outros órgãos) induzem um processo inflamatório local, gerando repercussões clínicas para as pacientes, como cólicas menstruais intensas, dores abdominais, dores pélvicas, dor durante a relação sexual, aumento do fluxo menstrual, cansaço, constipação, entre outros.
Após o diagnóstico de endometriose, é comum que as pacientes tenham muitas dúvidas e preocupações com sua saúde, muitas vezes gerando bastante apreensão e ansiedade. Um questionamento muito comum é sobre a relação da endometriose com o câncer.
A relação entre câncer e endometriose ainda não está bem elucidada, mas alguns estudos sugerem que mulheres com endometriose possuam um risco aumentado para o desenvolvimento de alguns subtipos de câncer de ovário, como o de células claras e o endometrioide. A explicação para isso se baseia no fato de que a inflamação gerada pela endometriose, junto com uma resposta imunológica alterada, possa favorecer o surgimento desses tipos de câncer.
Vale ressaltar, ainda, que todo câncer advém de uma modificação na célula, permitindo seu crescimento desordenado, diferentemente do que ocorre na endometriose, em que há apenas uma migração de células endometriais para fora do útero, mas sem alterações que promovam o crescimento desordenado. Dessa forma, fica evidente que a endometriose por si só não causa câncer.
Embora as evidências científicas sobre essa temática sejam poucas, já é possível compreender a importância de um diagnóstico e um tratamento precoces, como forma de controlar a doença e reduzir a chances de desenvolver outras patologias, uma vez que a endometriose é fator de risco para o desenvolvimento de alguns cânceres de ovário, além de que seu avanço pode predispor à infertilidade.